sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sucesso..


Tão seguro de si, prepotente, metido (e adorável) na TV como o dr. House, o ator Hugh Laurie tem medo de especular sobre o que faz do médico misantropo, insensível e ranzinza um dos personagens mais populares da TV. "Se algum dia acharmos que temos a fórmula mágica para o sucesso, vai tudo desaparecer", disse ele em entrevista ao Séries Etc.Na conversa que tivemos com o ator premiadíssimo por seu papel em "House", Laurie acaba especulando, sim, sobre o que faz o médico fazer tanto sucesso e revela qual seu caso médico favorito. Confira.Para você, por que a série ainda tem tanto público mesmo já estando na quarta temporada?Sou meio supersticioso para dar essa resposta. Parece que se eu ou alguém no programa algum dia souber a resposta para isso o sucesso irá evaporar. Se algum dia acharmos que temos a fórmula mágica ou que entendemos por que esse personagem ou aquela história deu certo, vai tudo desaparecer... Sou meio relutante em especular.Mas por que você acha que ainda tem apelo junto à audiência?Eu tenho meio que umas teorias particulares sobre isso. Há elementos no personagem que têm apelos diferentes para pessoas diferentes. Acho que o House tem um apelo junto ao público jovem porque ele é rebelde, não joga segundo as regras, é impaciente com as autoridades e todas essas características adolescentes. Também acho que ele tem apelo com o público mais velho por sua irritação com o politicamente correto do mundo moderno... Acho também que há histórias sensacionais, os roteiristas continuam me supreendendo com a complicação e sofisticação das histórias.Será que House é tão popular porque ele é um misantropo (que tem aversão à sociedade)?Eu acho, sim, que um pouco é por causa disso. Acho que muita gente no seu cotidiano tem alguns pensamentos que gostaria de expressar mas não o faz por educação ou porque está tentando se encaixar em algum tipo de hierarquia profissional ou algo assim. Eles ficam como que subjugados por essa convenções sociais e acho que assistir a um personagem que é livre, que não obedece às leis sociais, que é livre para dizer o que quer é algo libertador. O que dá a ele essa liberdade é o fato de que House não se importa com o que ninguém pensa, não tem consideração com seus colegas de trabalho ou com seus pacientes, não está nem aí para o que podem pensar dele. É algo que nenhum de nós consegue fazer, não se não quisermos ir para a cadeia ou tomar um processo (risos).Qual foi seu caso médico favorito da série?Uau! Acho que foi na segunda temporada, quando House fica obcecado com a coragem de uma garota que vai morrer por causa de um tumor cerebral (o episódio é o segundo da segunda temporada, "Autopsy"). Ele fica desconfiado da coragem da menina e começa a suspeitar que é, na verdade, um sintoma e que o tumor está causando uma alteração na personalidade dela. E, misantropo como ele é, tão cético a respeito de virtudes como coragem, ele simplesmente não aceita. E é interessante ele analisando o fato de que a coragem pode ser um sintoma de uma doença, não uma imutável virtude humana. A melhor coisa da história é que, no fim, ele está errado e tem que admitir que há bondade humana, virtude, ele tem que admitir humildemente que está errado. É algo interessante e desafiador por parte dos roteiristas mostrar esse tipo de ceticismo e cinismo. É uma história maravilhosa.O que você achou quando soube como seria esta quarta temporada?Eu fiquei um pouco apreensivo, mas quando comecei a ler os roteiros fez todo sentido para mim. A idéia de entrevistar 40 candidatos iria matá-lo de tédio e ele precisa se divertir. E também tem o benefício de poder irritar seus subordinados.O que você achou dos "competidores"?Todos eles trouxeram uma energia fantástica para a série. Eu não posso falar de 40 nomes porque sou um ator egocêntrico e nunca me lembro dos nomes dos outros (risos). Quando começamos a série tínhamos apenas seis personagens e acho que os roteiristas chegaram a um ponto em que precisavam jogar com outras combinações e explorar outros tipos de relações. O elenco pequeno estava ficando um pouco claustrofóbico para eles.